sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

lágrima

Era seu sonho.
Ele treinou a vida inteira para este momento.
A cada gota de suor de caia de sua testa nos treinos ele tinha mais certeza de que estava no caminho certo. Treinava de dia e à noite. Sob chuva ou sol.
E não era apenas dedicação. Seu corpo fora moldado pelos genes, como se anos de evolução humana tivessem culminado em seu ser. Um corpo adaptado para uma tarefa específica. Não ordinariamente, seus músculos e formas foram tão magistralmente formados para o fim que ele mesmo se propusera a alcançar, que quase parecia mentira. Era surreal para os outros competidores acreditar em seu próprio sucesso diante dele. Estava predestinado.

Entretanto, mesmo com tantos vetores apontando para o sucesso certo, com tantas certezas o circundando e o empurrando rumo ao pódio garantido, ele hesitou.
Ao se deparar com aquele obstáculo à sua frente, o qual havia superado por diversas vezes dias atrás e desde pequeno, ele tremeu. O que antes fora fácil, agora era o impossível. Ninguém o disse isso, ou o desmotivou nesse sentido triste e derrotista. Mas ele sabia.
O obstáculo antes familiar e inofensivo cresceu diante de seus olhos, tornando-se um colosso intransponível. A dúvida se multiplicou em seu coração. O que ele mais queria era vencer, superar a si mesmo e aos outros. Transpor esse obstáculo, para o qual ele havia treinado toda sua vida. Para o qual ele focou cada um de seus esforços em cada um de seus dias. Mas em sua mente, querer já não era mais poder.

E ele ficou lá parado. O mundo inteiro o assistia e esperava o espetáculo da superação humana. Mas não se moveu. Como que esperando o obstáculo descer dos confins dos céus e voltar a ter a altura que ele estava acostumado.

Nada aconteceu. Nada mesmo. Nem ele foi de encontro ao desafio que tanto almejou, nem o mundo parou de esperar sua coragem se manifestar. Ficaram tudo e todos, o atleta, o mundo e o obstáculo, inertes, imóveis, inevitavelmente solidificados, à espera do grande momento, que definiria os rumos do esporte e das vidas de todos os que observavam.

E exceto pela lágrima que escorria pelo rosto do atleta, nada mais se moveu por muito, muito, muito tempo...

sábado, 9 de abril de 2011

o dilema do jardineiro

No mundo existem muitos girassóis, não muito diferentes uns dos outros. Pétalas amarelas, miolo marrom felpudo, caule verde, rijo e comprido. Uma única flor. Girando. Todos bem semelhantes.
O que dá um toque especial é o jardineiro. Ou melhor, seu sentimento.
O jardineiro cuida muito bem de sua platinha. Rega, poda, aduba. E o cuidado faz ele pensar que seu girassol é o mais especial. Para o jardineiro, a relação dos dois é tão bela quanto a própria flor. Tão valiosa quanto o mais puro sentimento.
Mas o jardineiro vive angustiado porque, embora devote parte importante de sua vida regando, podando e adubando a bela planta em flor, esta só tem olhos (ou pétalas...) para o sol.
O Sol. Imponente, luminoso, inalcançável. O girassol passa o dia acompanhando-o de corpo inteiro.
E o jardineiro chora. Se encolhe no canto do jardim e abraça o que houver por perto. Se indaga o que fez ou faz de errado. Se é água demais, poda em excesso, adubo além da conta. Olha para o sol, longínquo. O lindo girassol nunca o terá, mas o fita sem parar. Minha querida flor tem-me quando precisa, reconhece o jardineiro. Sou todo cuidados, todo carinhos.
O girassol precisa do sol. É o círculo flamejante que o fornece a luz tão necessária para viver. Não que o faça por carinho ou consideração. Talvez nem saiba da existência dos inúmeros girassóis acompanhado, tal qual fãs, sua tragetória celeste. Mas sem o sol, não há planta.
O jardineiro pensa em criar margaridas, violetas, petúneas, líros, rosas. Essas sim, inclinadas ao seu cuidador, enfermeiro dos vegetais, tão atencioso quanto uma mãe. Mas e todo o cuidado com o girassol? Toda a história? Todo o tempo que passaram juntos? Desde a semente (salva das garras de um terrível hamster), da limpeza e forração do vaso; o intenso cuidado inicial; a escolha do melhor adubo; a primeira poda; as inúmeras regadas; o acompanhar do crescimento; até hoje, com a planta quase completamente crescida, acompanhando o astro-rei, esquecida de alguém...
E enxarcado em lágrimas o jardineiro pára. Vira-se. Observa, apaixonado, sua planta mais uma vez. E desiste. Definha. Assim como o girassol, que sem ser regado, podado e adubado, murcha. Ambos vão tombando, perdendo cor, perdendo vida. O homem no canto, a flor no vaso. E após algum tempo se esvaindo... morrem. O jardineiro de rosto colado à terra, com suas pupílas dilatadas de morte na direção da flor. E o girassol, ainda ereto, desistido de acompanhar o sol, se inclina, já ido, e observa, talvez pela primeira vez, o jardineiro.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lobato. Quartel General. Dia 1. Ano 24.

O tenente se aproximou a passos rápidos, ofegante.
- Senhor, senhor. Emergência senhor! Ela está nos deixando!
- Ora, e isso lá é emergência? Ela sempre nos deixa vez por outra e volta pouco tempo depois.
- Mas senhor, desta vez é por seis meses!
- O que?!
- Ou mais...

O diálogo acabou. Depois daquele momento, o general não era nada além de comandos, gritados com toda a força de seus pulmões. Sua primeira ação foi abrir a escotilha do setor vermelho, que estava fechada há anos, e, lá dentro, acionar o botão de alerta W! A maioria dos homens nunca havia sequer ouvido este alarme, a não ser em simulações ou treinamentos de situações de emergência, mas, mesmo assim, aquela sirene era mais alta e mais assustadora do que o estourar de mil turbinas de jato.
Todos pararam o que estavam fazendo e foram, desesperados, buscar orientações. Os mais experientes diziam sempre aos novatos:
- Preparem-se soldados. Esta vai ser uma experiência única em suas vidas... ...ou mortes...

Corriam, mandavam mensagens para todos as bases, apertavam botões e puchavam alavancas como se nada mais houvesse no mundo. Alguns se desorientavam tanto que esqueciam de respirar, e caiam desmaiados.

Instaurou-se o caos. Alguns não conseguiam fazer nada senão rezar, enquanto que outros espalhavam os boatos temerosos de que o fim se aproximava. O general contactou o serviço de informações e ordenou que nada deveria sair de Lobato, caso contrário, seu desespero seria percebido além das fronteiras e o caos tomaria todo o mundo. Fecharam-se todos os canais de comunicação com referências à partida "Dela". Todas as publicidades, as notícias, os websites, tudo foi censurado e substituído por uma mensagem: "Não falo sobre isso".
O general também convocou os monges do "Sistema (muito) Nervoso Central" e os confinou a um jardim nos confins de Lobato, onde não tivessem contato com nenhuma das informações da partida Dela. Lá, soldados os obrigavam a meditar 24 horas por dia. O nome Dela nunca era mencionado.
Foram dadas ainda ordens de capturar e executar todo e qualquer subversor que ousasse incitar a desordem e o medo nos habitantes de Lobato. Milhões foram mortos, e já não havia mais lugar para os corpos.
Enfim, o general deu a ordem máxima: Reforçar a contenção da prisão da Melancolia, onde sugadores de energia positiva e sorrisos se encontravam; os piores criminosos já vistos; eternos inimigos de Estado. Se algum deles escapasse, não haveria quase nada que pudesse ser feito, a não ser desligar todo o sistema e esperar, no escuro e no frio, a volta Dela.
Foi uma era de tensão e desespero ocultos.

Entretanto, o pior de tudo não era o caos, o medo e o descontrole, mas sim o fato de que nenhum daqueles preparativos adiantaria, e o sistema, já fragilizado pela expectativa, entraria em colapso inevitavelmente.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

XX e a libido

-cara, você não tem vontade de conhecer tudo?
-comassim, tudo? que dizer todos os lugares do mundo?
-não. tipo, saber de tudo? ter lido todos os livros, enciclopédias, dicionários. saber todas as histórias e causos do mundo. ter assistido a todos os filmes, documentários...
-hmmm... poderia até ser legal...
-num é? poder conversar de tudo com qualquer pessoa. poder viajar em idéias interdisciplinares fantásticas e saber fazer as melhores escolhas para sua saúde, sociabilidade e intelecto.
-é... é...
-ser uma pessoa interessante e sem esse sentimento de pequenês perto da vastidão do mundo. entender plenamente o funcionamento da terra, do universo, da sociedade, do corpo humano...
-hmmm...
-saber apreciar as coisas pequenas por serem grandiosas em complexidade. compreender as estruturas e leis que regem o cosmo...
-é, mas... a flavinha gosta mesmo é de caras musculosos.
-...
-melhor não gastar seu tempo com conhecimento, onisciencia e holística. vai pra academia!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

sem sentido

Já reparou que "inércia" vem de "inerte". Ou talvez o contrário. Bom, de qualquer forma essas palavras estão etimologicamente ligadas, embora seus sentidos sejam conflitantes.
Se eu estiver parado e nada vier me encher o saco, eu vou ficar parado, inerte. Isso é inércia, certo?
Rá. Só parcialmente. Porque se eu estiver em movimento e não tropeçar nem sofrer resistência, também continuo me movendo. O contrário de "inerte". A raiz etimológica nem sempre condiz com a semântica.

Outro exemplo é "eu na minha cama acordando pela manhã" e "inércia". Uma expressão que, a princípio, não tem nada a ver com a palavra, mas que, no meu caso, são praticamente sinônimos. É que eu preciso de uma perturbação pra me mover, sabe? Uma cutucada qualquer na minha inércia corporal. Caso contrário fico lá, inerte. Minha mão vai por conta própria até o celular adiar por mais 10 minutos o alarme. Não configura um "movimento" propriamente dito.

Mas quando algo faz começar em mim uma locomoção, aí só a maior resistência do ar pra me parar. Se meu telefone toca e é alguém com quem quero ou devo falar, aí eu me sento, converso e, quando desligo, continuo acordado e me movimentando. No início mais lentamente, mas depois com ânimo total, como se a resultante das forças sociais fosse me acelerando.

Sempre que preciso acordar numa hora específica (eu usei o verbo "precisar". isso é sério, mesmo...) coloco o meu celular/despertador longe, o que me obriga a levantar para desligá-lo, começando assim a movimentação.

Hoje eu deveria ter acordado às 9 horas e, às 10h, estar no colegiado do meu curso. Isso, por si, não é estopim para movimento algum. Só quando o Ticle me ligou é que fui levantar e começar a minha inércia movimentosa diária. Tanto que cá estou escrevendo.

Eu sei que deveria ter ido no colegiado e feito tudo o que tinha que fazer lá, mas, nesse papo de inércia, a "direção do movimento" costuma ter vários sentidos...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

e eu adoro tomates

com sal e orégano então! delícia.
mas a verdade é que "clichê" é uma medalhinha. tipo aquelas que escoteiro ganha quando cumpre uma tarefa, sabe? essa palavrinha funciona como selo. como atestado de garantia. "isso é clichê" costuma ser confirmação de que a coisa é boa. "opra prima" é só um outro termo pra definir coisas muito melhores. é aquela história do arroz com feijão, sabe? penne ao gorgonzola com paillard é maravilhoso, mas o gostinho agradável daquele prato da mamãe não muda. por vezes até prefiro.

james bond! uma beleza. me divirto pacas. e justamente porque é uma coleção de clichês em papel especial fosco, capa dura e verniz. tudo muito bem amarrado. se o 007 tentasse ser inovador ele seria o Bourne: um fracasso!!! supremacia, identidade e sei lá mais o que. pra mim um monte de enfeites pra tentar fingir que não é tão clichê quanto o Bond.

filme de máfia! adoro. e não venha me dizer que poderoso chefão é livre de clichês.

super heróis? blam, tum, soc, pow! divertidíssimo. com efeitos especiais fica ainda melhor. vai dizer que não gostou nem um pouco de Spiderman 1 e 2? (o terceiro tentou fugir dos clichês e acabou num pedaço de simbionte arenoso com cheiro de cocô).

entretenimento é clichê. o resto é comtemplação, desfrute, ou coisa do tipo.

enfim, "clichê" é só um jeito das pessoas estranhas xingarem o que as pessoas normais gostam.

deixa eu me divertir, porra!


inspiração? a safadona do momento: ogandete - 243

sexta-feira, 30 de maio de 2008

plaft

- então você é neurótica?
- não!!! lógico que não!
- mas foi você quem falou e...
- eu não falei bosta nenhuma de neurótica. falei que estou preocupada com umas coisas.
- tá, mas não se preocupe. todo mundo é neurótico de acordo com...
- eu não sou neurótica, meu filho. a flávia pode ser neurótica. a ana. até a valéria. EU NÃO!!!
- isso é de psicanálise, sabe. coisa do freud, do lacan e dessa galera. é tipo uma classificação das pessoas. ou melhor, uns modelos pra explicar gente. não é que você seja doida. é só que...
- ah, não! agora tá me chamando de doida?!?! só me faltava essa.
- na verdade é como se todo mundo fosse doido. uns de um jeito, outros de outro jeito. tipo os psicóticos: eles meio que têm um bziu que não deixa eles simbolizarem a falta, conceitualmente falando. agora, os neuróticos tipo você...
- olha aqui menino. eu não estou nessa fila pro xerox pra aguentar ofensa, não. vou te dar uns tabefes se você não parar.
- os neuróticos simbolizam a falta, essa coisa que vem da frustração de não ter a figura da mãe sempre, com justificativas. tipo umas racionalizações. que na verdade são tão tiradas do forévis quanto as coisas do psicótico.
- tiradas do que?! tá falando que minhas preocupações são sem sentido? você vem, me pede pra te dar lugar na fila (- uma cópia dessa página, por favor) me chama de neurótica, de doida e fala que eu invento coisas?!
- senhorita, desculpe-me, mas acabou o papel.
- como assim? não tem folha pra mim?
- desculpe, mas não.
- como assim não tem, minha filha. tem que ter ora bolas. aqui não é um xerox? se vira, mulher.
- se bem que... você tem um pouco de psicótica também, sabia?



plaft

terça-feira, 18 de março de 2008

2000

Eu gosto de ter crisinhas.
Adoro meus dilemas.
Sou fã de perturbados e desajustados.
Problemas sem resolução são meu lema.
Atrai-me o mal resolvido.
Mizhogo, tropeço e acho graça.
Meu auto-controle é farsa.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Heartbreaker

- Você tem que assumir que acabou!
Foi dizendo essa frase que descobri de onde vêm todo meu apego e minha melancolia. Não os momentâneos, mas os característicos. Intrínsecos a mim desde não sei quando. Ou talvez agora saiba.
Estava na cama de minha mãe, lendo um texto para a faculdade. Ela entra e começa a arrumar umas coisas no armário. Digo: "Sábado vou pra casa do Matheus". O espanto só não foi maior pois eu já a havia avisado que queria sair de casa. Mas não deixou de ser afiado. Tanto que me sinto perfurado de alguma forma.

Porque, como, será, e o dinheiro, como é lá, os meninos num são doidões não, você vai perder seu conforto, e eu?... perguntas não tão interrogativas foram feitas e respondidas frigidamente. Não foi tão dificil, já que tinha a forte determinação como escudo a qualquer tipo de sentimentalismo.
Ela começou a chorar, de supetão, logo depois de se deitar do meu lado abraçada à almofadinha. Soluçou e imediatamente se virou, com vergonha das lágrimas, acho. Com vergonha de demonstrar tanta fraqueza perante minha máscara de força.
- Fico achando que você vai embora pelo que está acontecendo. Fico achando que a culpa é minha.
A culpa não é sua, mãe. Ninguém tem culpa, tendo em vista que todos têm. E minha vontade de ir embora é antiga. Os últimos capítulos da nossa novela familiar deram apenas uma boa oportunidade.

Não chorou por muito tempo. Eu não deixei. E não porque a confortei com abraços, beijos e cafunés. Mas com frieza, sem derramar uma lágrima nem trocar um toque sequer. Talvez tenha sido pior que um tapa bem forte no rosto. Mas enquano chorava, mostrou toda aquela tristeza inútil e repetitiva, de quem se apegou a um cadáver em putrefação que, além de memórias, nada mais tem de bom a oferecer.
- Você tem que assumir que acabou!
- Tenho, né, filho? Acabou, né? Tá certo.
Essa frase iniciou o epílogo das lágrimas. Tornaram-se soluços e mais algumas frases tristes que, em alguns momentos, transformaram-se em minha mãe em pé, indo ao banheiro lavar o rosto e se preparando para sair. Não tão forte e segura de si, mas melhor do que estava antes.

Sou um necrófilo. Me apego demais e acabo segurando zumbis por mais tempo que deveria.
Não tenho o mínimo orgulho disso. Tenho raiva de outros necrófilos. E talvez o "tapa bem forte no rosto" seja minha maneira de salvá-los de si próprios e aprender, aos poucos, a estapear meu próprio rosto.

Descobri de onde vêm o apego e a melancolia. Dela. Qualidades em certos momentos. Defeitos corrosivos atualmente. E acho que só eu posso me salvar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Bons budistas não dão bons artistas

Alguns amigos meus são (ou serão) grandes artistas. Há algo de nato neles, como se a expressividade do que falam ou fazem fosse mais fluida, menos enviezada. Esses mesmos amigos são os mais instintivos, no bom e no mal sentido. De duas uma: ou seu auto-conhecimento é pobre ou o auto-controle que é fraco. São sempre pessoas com um que de descontrole, daquelas que você nunca diria: "como é calmo esse sujeito".

E acho que artistas precisam ter isso mesmo. Esse descontrole. A música do músico, o quadro do pintor, a escultura, o livro, as obras em si não podem ser gestadas com rédea curta. O controle total do criador geraria um texto de auto-ajuda, empresarial, mercadológico, mas nunca belo, no sentido mais "artístico" do termo, embora eu tenha minhas dúvidas quando a um conceito/consenso do que seria a "Arte". O legal da "arte" está nessa expressão íntima do autor. Nessa sinceridade que pode ser percebida de alguma forma. Se "arte" é alguma coisa, acho que deve ter a ver com isso. Matemática nunca será arte. Fractal de cu é rola. Se é pra ser racional faça um teorema e não uma poesia.

Eu, nos meus eternos conflitos intra-pessoais, racionalismos, pensamentos analíticos demais, não creio ter muito talento pra ser artista. Mas talvez eu consiga balancear o lado direito com o esquerdo do cérebro e me fazer mestiço.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Escola da vida

Matéria do dia:

Aprendendo a descontar sua raiva nos outros:

> Tópico 1: dosagens
> Tópico 2: sentir-se tranquilo no durante e depois
> Tópico 3: falta de controle ou descarrego?
> Tópico final: você tem vocação para forninho?

valor: 100 malditos pontos

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eu, eu mesmo e Charlie

Certo dia o Otto estava muito nervoso e saiu da coleira. Ele sempre foi meio serelepe, mas naquele dia estava hiperbólico. Acho que a fome deve tê-lo deixado agitado...
Como de costume gritei o Clark. Ele já estava correndo atrás do Otto há muito tempo. Sempre eficiente esse Clark....ou quase. O problema é que ele nunca foi muito rápido, então o Otto acaba conseguindo arrumar alguma encrenca.
Ops! Perdão... que indelicadeza a minha. Otto e Clark são, respectivamente, meu ID e meu Superego. Amigos inseparáveis e eternos companheiros de todas as atividades. O Otto me acompanha desde que nasci. O Clark chegou depois, meio tímido, não falava muito. Depois se soltou. Hoje faz até piada, acredita?
Claro que nem tudo são flores. Otto e Clark são um tanto quanto... diferentes. Sempre brigam. Qualquer assunto é motivo para discordarem e trocarem alguns tabefes, mas tudo sempre acabou bem. As coisas ficaram realmente preocupantes quando nasceu o Charlie. Eu devia ter, sei lá, uns 13 anos, quando o Clark foi atacado. Não sei direito pelo quê, mas tinha cheiro de estrogênio. Deixaram o menino pro Clark cuidar. Coitado. 'Superegoso' como é não conseguiu negar a responsabilidade. O fato é que, depois de um tempo, o moleque cresceu.... e começou a fazer bagunça. Uma criança travessa, um adolescente rebelde e um adulto rabugento. 'Pior que isso só dois disso', já dizia Descartes.
Charlie herdou o que Clark sempre teve de pior: o criticismo. A falta do que fazer deve tê-lo deixado assim. O prazer supremo para ele é me podar. E não podar os galhos podres (desses o Clark sempre deu conta), mas os viçosos, que dariam os melhores frutos. Se por exemplo eu penso em fazer um curso de desenho muito legal, que vai me acrescentar muito, ele logo vem desestimulando: "Ei, panaca! Seu pai não vai dar a grana e você sabe disso. Pára de ficar querendo bobagem". Bom pai que é, o Clark raras vezes reprime Charlie, e o Otto, coitado, mal percebe o que se passa (normalmente fica no canto roendo algum objeto apetitoso... como a hipófise, talvez...). Se tentasse, provavelmente meu pai pagaria o curso sem reclamar (muito) e não se arrependeria. Mas o Charlie é muito persuasivo. Os argumentos dele sempre são dotados de uma maldita lógica incontestável.
Tem uma moça na festinha. Linda. Cabelos pretos. Doida comigo:
_ "Pensa bem mané. Se ela te der um fora a amizade de vocês vai pro saco. Você quer isso, quer?"
_ Mas Charlie... as minhas chances são de 97,3%. É muito difícil de eu tomar um fora.
_ "Sim, eu sei. Mas e SE ela te der um fora?! A chance é pequena, mas existe..."
_ É, talvez você tenha razão...............

Entende o que eu digo?
Só consigo fazer o que realmente quero se manipular o Clark. O Otto me ajuda com piruetas e umas carinhas de dó. Embebedar o Clark costuma funcionar também.
Se eu já tentei me livrar do Charlie? Claro. O problema é que, não importa o que eu faça... o maldito sempre volta depois de uns dois ou três minutos. Uma vez empurrei ele no Abismo (aquele buraco negro que todo mundo tem perto do pâncreas e que alguns chamam de Baço) e mesmo assim ele voltou. E voltou nervoso. Me xingou e aprontou um escândalo. O insistente sobreviveu até ao Grande Porre de 2005. Depois daquele dia acho que perdi um pouco das esperanças de eliminá-lo.
Crianças têm amigos imaginários. O meu é um inimigo. Ruim sem ele. Pior....muito pior com ele.
Um dia eu ainda tento morfina...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Caderno de piadinhas - 1

A mulher teve trigêmeos. O pai, surpreso, sem saber o que dizer, exclamou: oba!
Aí, ela engravidou novamente e teve outros trigêmeos.
O cara então desabafou: Oh Deus, tudo menos dízima periódica.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

- Como foi seu carnaval em BH? - disse a pequena moça

O corpo jogado ao chão treme um pouco e um braço cambaleia. A respiração volta; pesada e difícil, como se o ar fosse agora feito de chumbo derretido. Ele tenta falar:
- eur oderr... ohr... carrhnavrrhhl....
- O que?! - exclama, assustada, a pequena moça.
- eur oderr... ohr... carrhnavrrhhl........
Cada palavra estuprava as cordas vocais do homem, que desiste de tentar falar e simplesmente batuca do chão, tentando mostrar o máximo de raiva que conseguia:
- Ah, entendi! Carnaval ruim, né?
O homem levanta com dificuldade uma das pálpebras e, acompanhado a uma tentativa de soslaio, mostra seu dedo do meio. O que sobrara de seu corpo então cai e começa, enfim, a se decompor confortavelmente...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Kiss me, stupid

"Ontem ela bateu na minha porta por 45 minutos... mas eu não a deixei sair"

Dino (Dean Martin), em Beija-me, idiota, 1964. Dirigido por Billy Wilder.Vale a pena. =)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Dicionário do Rei

Poesia: clichê travestido como coisa nova.

Back to the future - Part 3 (1990)

Ele entra no saloon, arrastando a alma como se fosse um barril de pólvora. Aproxima-se do velho balcão onde costuma se apoiar. O bartender solidariza-se:
- Emmet! What can i get to ya? The usual?
- No, Chester, im gonna need something a lot stronger than that tonight.
- Salseparilla.
- Whisky, Chester.
- Whisky? Emmet, are you sure? You know what happened to you on the fourth july.
- Whisky.
- Ok. I ain't your papa. Just dont wanna see you doing the wrong thing.
O copo-dose é totalmente preenchido.
- Leave the bottle! - diz Emmet.
Um senhor bem vestido, que segura um pedaço de arame, observava tudo atencioso.
- Its a woman? Right?
Emmet pára o copo perto da boca, antes de beber, e o retorna ao balcão. Seu rosto entristece ainda mais.
- I knew it. I have seen that look on a man's face a thounsand times... all across the country. What i can tell you, friend: you'll get over her.
- Clara is one in a million. One in a Billion. One in a googolplex*. The woman of my dreams and i lost her for all the time.
- I can assure you sr., there are other women. I have peddling this barbedwire all across the country. This taught me one thing, certain: Is that you never know what the future might bring.
- Oh, the future. I can tell you about the future.

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Pra quem não entendeu o original em inglês:

Ele entra no saloon, arrastando a alma como se fosse um barril de pólvora. Aproxima-se do velho balcão onde costuma se apoiar. O bartender solidariza-se:
- Emmet! O que vai querer? O de sempre?
- Não, Chester, vou precisar de algo bem mais forte essa noite.
- Salsaparilha.
- Uísque, Chester.
- Uísque? Emmet, tem certeza? Você sabe o que te aconteceu no quatro de julho.
- Uísque.
- Ok. Eu não sou seu pai. Só não quero vê-lo fazer besteira.
O copo-dose é totalmente preenchido.
- Deixe a garrafa! - diz Emmet.
Um senhor bem vestido, que segura um pedaço de arame, observava tudo atencioso.
- É uma mulher, não é?
Emmet pára o copo perto da boca, antes de beber, e o retorna ao balcão. Seu rosto entristece ainda mais.
- Eu sabia. Já vi essa expressão no rosto de um homem mais de mil vezes... no país todo. O que eu posso dizer, amigo: você vai esquecê-la.
- Clara é uma em um milhão. Uma em um bilhão. Uma em um googolplex*. A mulher dos meus sonhos e eu a perdi para sempre.
- Eu posso lhe garantir, senhor, há outras mulheres. Vender esse arame através do país me ensinou uma coisa certa: você nunca sabe o que o futuro trará.
- Oh, o futuro. Eu posso lhe falar do futuro.

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*googolplex: Na matemática, um googol é o nome do número 10-100 (1 seguido de 100 zeros). Um googolplex é ainda maior: 1 seguido de uma quantidade de zeros igual a googol (a 1 with a googol zeros).

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Censurado

É o super-ego sendo sensato, já que eu não sou...

José

Não gosto de postar escritos inteiros de outros aqui, mas abro uma excessão para esta passagem que vale muitíssimo a pena ser lida.
Trecho de As Pequenas Memórias, de José Saramago. A título de divulgação.

"Cai a chuva, o vento desmancha as árvores desfolhadas, e dos tempos passados vem uma imagem, a de um homem alto e magro, velho, agora que está mais perto, por um carreiro alagado. Traz um cajado no ombro, um capote enlameado e antigo, e por ele escorrem todas as águas do céu. À frente caminham os porcos, de cabeça baixa, rasando o chão com o focinho. O homem que assim se aproxima, vago entre as cordas de chuva, é o meu avô. Vem cansado, o velho. Arrasta consigo setenta anos de vida difícil, de privações, de ignorância. E no entanto é um homem sábio, calado, que só abre a boca para dizer o indispensável. Fala tão pouco que todos nos calamos para ouvir quando no rosto se lhe acende algo como uma luz de aviso. Tem uma maneira estranha de olhar para longe, mesmo que esse longe seja apenas a parede que tem na frente. A sua cara parece ter sido talhada a enxó, fixa mas expressiva, e os olhos, pequenos e agudos, brilham de vez em quando como se alguma coisa em que estivesse a pensar tivesse sido definitivamente compreendida. É um homem como tantos outros nesta terra, neste mundo, talvez um Einstein esmagado sob uma montanha de impossíveis, um filósofo, um grande escritor analfabeto. Alguma coisa seria que não pôde ser nunca. Recordo aquelas noites mornas de Verão, quando dormíamos debaixo da figueira grande, ouço-o falar da vida que teve, da Estrada de Santiago que sobre as nossas cabeças resplandecia, do gado que criava, das histórias e lendas da sua infância distante. Adormecíamos tarde, bem enrolados nas mantas por causa do fresco da madrugada. Mas a imagem que não me larga nesta hora de melancolia é a do velho que avança sob a chuva, obstinado, silencioso, como quem crumpe um destino que nada poderá modificar. A não ser a morte. Este velho, que quase toco com a mão, não sabe como irá morrer. Ainda não sabe que poucos dias antes do seu último dia terá pressentimento de que o fim chegou, e irá, de árvore em árvore do seu quintal, abraçar os troncos, despedir-se deles, das sombras amigas, dos frutos que não voltará a comer. Poque terá chegado a grande sombra, enquanto a memória não ressuscitar no caminho alagado ou sob o côncavo do céu e a eterna interrogação dos astros. Que palavra dirá então?"

(J. Saramago)

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Biologia de buteco

Alergia: sistema imunológico mimado dando piti.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Escamas

O chão do meu quarto está, há uns dois meses, com um problema sério de cera. Ela está descolando como nunca. Múltiplas lasquinhas grudam no meu pé, no chinelo, nos móveis, no lençol e dão a impressão de sujeira, mesmo logo depois do quarto ter sido limpado. Talvez o problema seja da própria cera, mas acho que o culpado é o tempo. Algum dia todos temos que trocar de pele. Mudamos por dentro e a carapaça já não é morfologicamente adequada às nossas novas formas. Acho que foi por isso que hoje, ao acordar, olhei com simpatia para meu chão. A raiva de antes se tornou identificação. Acabei entendendo-o. E se o processo é demorado, não é mais que normal. Mudar é difícil. Muito difícil. E eu e meu chão estamos passando por uma de nossas fases mais árduas nesse sentido. Descascando e soltando a pele velha. Deixando-a cair e mostrando, aos poucos, a nova. Mutando em vários aspectos e nos tornando melhores, de certo.
Pensando bem, ele estava descascando muito mais quando começou. Sinal de que o processo está em andamento e talvez chegando num fim. O que será que vai se tornar depois? No que irei me (re)fazer? Eu só posso esperar. E esperar. E esperar. E esperar que as próximas mudanças sejam mais fáceis... e menos sujas.

Tell everybody you know...

Hoje teve show dos prisioneiros. Algo que não experimentávamos há tempos.
Só pelo prazer de tocar já foi ótimo. Mas o melhor foi lembrar de uma coisa importantíssima:

Só o Rock'n Roll salva!

E hóstia é o caralho. Eu quero é cerveja, poha!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

"mulheres que nunca comerei"

porque ninguém falou da Mônica Belucci?
povo míope!


[vide blogs de ticle, dedé e marcelinha...]

Lançando moda

De uma iniciativa ingênua advinda da vontade de me expressar e posar de escritor, fiz esse blog, achando que isso era coisa comum na galera, que todo mundo já tinha o seu. Mas e num é que, fuçando hoje, descubro que "geral" fez blog na onda que eu lancei!? Déspota que sou, reivindico a liderança do movimento. E que venham muito mais blogueiros. Dé, Ticle, Marcelinha e companhia já são meus seguidores. E nem me venham com pseudo disputas do nível de "G cedilhas" ou "mulheres que nunca comi". A vanguarda é minha e ninguém tasca!!!

folhinha de abacate...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

"O Gangster"

Uma das coisas que mais me agrada numa história são bons personagens. No cinema não é diferente. Uma experiência de duas horas aguentando uma péssima fotografia, um roteiro arrastado e uma história clichê pode acabar sendo proveitosa só pela "companhia" do coadjuvante bem bolado e empático ou do protagonista profundo e sarcástico. Não que salve um filme péssimo, mas melhora.
Quando digo "bom personagem" não sei ao certo o que faz dele tão bom. Na verdade acho que existem vários tipos. Ontem fui assistir ao novo filme do Ridley Scott, O Gangster ("American Gangster", no original em inglês) e me dei conta do quando adorei os dois personagens que conduzem a trama. Um policial e um criminoso. O primeiro tem no currículo a devolução de 1 milhão de dólares, enquanto transa com a advogada que tenta o ajudar no processo para ficar com a guarda do filho. Agressivo e de métodos pouco ortodoxos, o personagem de Russel Crowe é contraditório: policial, homem da lei e da ordem, que tortura e engana testemunhas para livrar o parceiro viciado. Talvez ele escolha a moral que o convenha quando bem entende. O outro, um mega traficante de heroína do Vietnã enconde por trás de sua elegância e cavalheirismo um homem violento, sem piedade e rígido, que preza pela família, pelo respeito e pela dedicação ao seu trabalho, seja ele lícito ou não. Frank Lucas (Denzel Washington) não é um personagem tão inovador. Filmes de máfia bem feitos costumam ser bons em mostrar esse tipo de caráter ambíguo, mas perto de Richie Roberts se torna mais realista e interessante. Ao ser pego, Frank dialoga, negocia e consegue diminuir sua pena e é aí que Richie se mostra de maneira ainda mais explícita como o policial defensor da lei acima de tudo, mesmo manchado com seus desvios morais.
Esse tipo de personagens, que parecem pessoas reais, são interessantíssimos. Sem que seja necessário mostrar toda sua história de vida, nós os compreendemos e nos rendemos ao enredo, baseado em fatos reais (o caso d'O Gangster) ou não. Evito usar a palavra "profundo" porque muitos são interessantes mesmo na sua superficialidade, como no caso de algumas comédias românticas.
Entretanto, o deleite com esse tipo de personagem mais "realista" me preocupou ontem. Veja bem: gosto deles pois sinto que poderiam existir perfeitamente. Me passam uma sensação boa de realidade por serem ambíguos, imperfeitos e contraditórios. Reconheço então o paradoxo de "ser humano", o que nos torna interessante, é certo, mas causa imensa dificuldade na vida pessoal e na convivência com outros. Queremos nos encaixar e ser compreendidos, e dircursos ou personalidades contraditórios não parecem ajudar.
Bem, talvez eu esteja apenas sendo contraditório em gostar disso tudo ao mesmo tempo em que receio. Vou procurar ligar pro meu analista...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

cinema, as meninas e o passado

choveu, choveu, choveu,
mas saí de lá seco.
com sede daquele amargo ao qual me apeguei.
não creio que vá matar essa ânsia,
mas uma provadinha eu dou...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Tapete na entrada

É tudo tristeza reprimida. Liga não!
Acabou respingando aqui...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Guia dos mochileiros do sexto andar

João comprou o "Manual das palavras castellanas" para poder se orientar na Espanha.

Luísa pegou emprestado o "Guia prático de francês" para passar uns dias em Paris.

Rodrigo conseguiu a "Enciclopédia-Dicionário de inglês para principiantes" e se virou nos EUA.

Lívia arrumou o "Norueguês para não-noruegueses" para se dar bem em Oslo.

e Arthur adquiriu o "Chuva, sol, boatos e outros assuntos úteis" para se comunicar no elevador.

Você tem o direito de permanecer calado...

Olhei para baixo vi o chão
Olhei para cima vi o céu
Olhei para os lados vi montanhas, prédios, árvores, pessoas, bichos...
Aaahh!
SOCORRO! Estou cercado!!!

sábado, 1 de dezembro de 2007

?

Seu nome era Duval e ele tinha dúvidas.
Tá, todos temos dúvidas, mas Duval tinha mais.
Um dia estava atravessando uma avenida quando, de repente, parou. E pensou: porque continuar?. Realmente se indagou porque fazia aquilo... e parou. Tentou achar motivos; Prós e contras quanto a terminar a travessia.
Após muito pensar concluiu que, se tinha dúvida, algo estava errado naquilo. Não sabia o que, mas deveria haver algo.
Pensou em voltar. Mesmos questionamentos. Mesma conclusão. Duval parado no meio da avenida.
BAM
Morreu, esmagado, sem concluir que não entedia nada sobre atravessar ruas.