sexta-feira, 30 de maio de 2008

plaft

- então você é neurótica?
- não!!! lógico que não!
- mas foi você quem falou e...
- eu não falei bosta nenhuma de neurótica. falei que estou preocupada com umas coisas.
- tá, mas não se preocupe. todo mundo é neurótico de acordo com...
- eu não sou neurótica, meu filho. a flávia pode ser neurótica. a ana. até a valéria. EU NÃO!!!
- isso é de psicanálise, sabe. coisa do freud, do lacan e dessa galera. é tipo uma classificação das pessoas. ou melhor, uns modelos pra explicar gente. não é que você seja doida. é só que...
- ah, não! agora tá me chamando de doida?!?! só me faltava essa.
- na verdade é como se todo mundo fosse doido. uns de um jeito, outros de outro jeito. tipo os psicóticos: eles meio que têm um bziu que não deixa eles simbolizarem a falta, conceitualmente falando. agora, os neuróticos tipo você...
- olha aqui menino. eu não estou nessa fila pro xerox pra aguentar ofensa, não. vou te dar uns tabefes se você não parar.
- os neuróticos simbolizam a falta, essa coisa que vem da frustração de não ter a figura da mãe sempre, com justificativas. tipo umas racionalizações. que na verdade são tão tiradas do forévis quanto as coisas do psicótico.
- tiradas do que?! tá falando que minhas preocupações são sem sentido? você vem, me pede pra te dar lugar na fila (- uma cópia dessa página, por favor) me chama de neurótica, de doida e fala que eu invento coisas?!
- senhorita, desculpe-me, mas acabou o papel.
- como assim? não tem folha pra mim?
- desculpe, mas não.
- como assim não tem, minha filha. tem que ter ora bolas. aqui não é um xerox? se vira, mulher.
- se bem que... você tem um pouco de psicótica também, sabia?



plaft